greve de silêncio por causa da favela

Fiquei muito brava com a minha mãe. E continuo brava, muito brava. Ela é uma ótima pessoa, amo ela, mas chamar o meu quarto de favela foi a gota d’água. Eu fiz uma cara de nojo pra ela e, o meu padrasto viu e passou a defendê-la. Ele disse que eu tinha que respeita-la sempre e que eu deveria parar de fazer essas ‘caras e bocas’ pra minha mãe. Então eu me retirei, indignada, e passei a refletir: como ele quer que eu a respeite [que é a coisa que eu mais faço] sendo que ela não me respeita, xingando o meu quarto?
Simplesmente é abominável. Estou fazendo greve de silêncio aqui em casa desde Domingo. Hoje de manhã ela disse que eu tinha deixado à luz acesa no meu quarto e eu respondi: então deixa a luz da favela acesa! E saí de casa, porque graças a Deus, eu pego carona para ir pra escola [mesmo que eu não goste muito]. Ela deve ter ficado fula da vida, mas eu não me importei. Porque eu agüento as provocações dela o tempo todo. Por exemplo: teve um dia que ela tinha chegado em casa e falado: filhinha, faz um café pra mamãe? [me tratando como um bebê, puts cara, odeeeio isso] e como eu tava estudando muito, porque eu tinha ficado de recuperação, eu falei: não mãe, eu to estudando. E me tranquei no quarto. Nem 10 minutos depois, ela vem batendo na minha porta toda irritadinha: “Venha limpar o cocô da sua gata!” e eu fui. E com isso, me ocorreu, como a minha mãe é criança! Ela me tirou do estudo porque eu tinha que tirar o cocô da caixinha de necessidades da minha gata simplesmente porque eu não fui fazer ‘um cafezinho pra mamãe’. Ela não foi vingativa? Simplesmente, ela foi ridícula!
Mas como eu to em greve de silêncio, ela fica toda fofinha pra perto de mim, porque obviamente ela sabe que errou, mais não quer admitir. O ponto é que, sempre que é ela faz alguma coisa errada, ela tenta se justificar dizendo coisas do tipo: “Mas você nem sabe escovar os dentes!”, “Eu sempre tenho que fica mandando você fazer as coisas!”, como vocês puderam entender, só falta me chamar de incapaz, anta, burra e etc.
Ultimamente eu tenho ficado grudada nos meus fones de ouvido, ouvindo música no último volume. Só pra que quando ela for falar comigo eu nem dê atenção como se eu dissesse: “Só falo com quem merece!” Mas hoje ela conseguiu se irritar [ui! Como se eu me importa-se!]. A gente veio almoça em casa e ela fez a comida, quando ela terminou, eu peguei um prato pra mim e fui comer no quarto e... OE! Ela veio bater na minha porta dizendo: “Lugar de comer é na mesa ou na cozinha!” e eu, hahahahahaha, hahahahaha, hahahahaha, fechei a porta na cara dela e continuei comendo no meu quarto. Simplesmente não dei à mínima.
Posso ter sido a filha mais mal-educada do mundo quando fiz isso, admito. Mas o problema é, que se deixarmos, os nossos pais montam em cima da gente achando que podem xingar e fazer tudo o que eles querem. Mas nós temos que unir forças dentro de nós e mostrar, que por mais que eles achem que somos uns adolescentes que não fazem nada da vida e não se preocupam com nada, eles estão errados. Eu não dou à mínima se eu vou ficar uma semana ou um mês sem falar com ela. Desde que eu chegue ao ponto de ela conseguir entender que o que ela fez foi abominável e que ela nunca mais vai fazer isso de novo. Portanto, eu dou apoio às pessoas que se revoltam contra os pais. MAS, desde que eles estejam certos e seus pais errados!
Sim, eu vou continuar com a greve de silêncio, por mais que eu seja a pessoa que mais fale na face da terra.